Já é tradição! <3 No início da semana tem tema novo no blog. E como eu já avisei em aula, os temas estão mais cascudos a cada semana.
Por favor, não se esqueçam de colocar nome e turma na redação de vocês.
Qualquer dúvida, podem me enviar e-mail para nucci.rafa@gmail.com
- O texto deve ser escrito a caneta;
- A redação não deve ultrapassar 30 (trinta) linhas, nem ter menos que 7 (sete) linhas; e
- Não serão corrigidas redações que deliberadamente fugirem do tema proposto.
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TEMA 06
Leia atentamente o texto:
A SENSIBILIDADE DOS BRASILEIROS
Por que a opinião estrangeira importa tanto? Se eu elogio ou tenho interesse local, o brasileiro não acredita. Se critico, porém, ele se ofende
(...)
Ao longo do tempo que passei no Brasil, sempre que eu falava de minha pesquisa, sentia uma incompreensão mútua.
Os cariocas pareciam confusos, perguntando-se por que diabos eu viera até o Brasil para estudar a música popular do Rio dos anos 1920 e 1930 e por que alguém estudava espanhol e português numa universidade americana.
(...)
Achava estranha a reação dos brasileiros após elogios à sua cultura.
Quando eu dizia que amava Clarice ou que viera para pesquisar Chico Alves, eu me convertia numa fonte incomum de alegria e surpresa.
"Essa americana veio para estudar Noel Rosa!", berrou um estranho num bar em Copacabana, e uma pequena multidão se juntou para olhar e inquirir.
É como se, no fundo, as pessoas não acreditassem que o Brasil é suficientemente interessante para merecer um estudo sério.
(...)
"Em Princeton há aulas de literatura brasileira?" Claro que sim! Eu tomo um curso de Machado de Assis no próximo semestre.
Por outro lado, quando eu me sentia ousada o bastante para dizer que não tinha gostado de algo do Brasil, a reação podia ser desmedida.
De novo, minha opinião raramente era tomada como algo ordinário. Imediatamente, informavam-me que eu não tinha a menor ideia daquilo sobre o que estava falando, e que tampouco tinha o direito de julgar as coisas do Brasil.
Ou então as pessoas recuavam e diziam que eu estava certa, e que tal coisa ou tal pessoa eram de fato terríveis e simbolizavam exatamente o que ia mal no Brasil -e que, aliás, "precisávamos de estrangeiros que viessem aqui e nos contassem dos nossos próprios problemas".
Não sou ingênua a ponto de pensar que o que querem é meu veredito final sobre o país. Mas estranhamente essa é a sensação.
(...)
Minha opinião, ainda que evidentemente subjetiva, adquire um valor que eu mesma não compreendo. Que importa se gosto de Noel ou se detesto Roberto Carlos? Minha opinião não muda nada.
Quando discuto o Brasil com os brasileiros, frequentemente tenho a sensação de que estou falando com um amigo maravilhoso, inteligente e talentoso, mas com uma misteriosa falta de autoestima.
Ele não aceita totalmente os elogios que lhe faço, e é tão sensível que é quase impossível criticá-lo sem feri-lo. Estaríamos diante do velho complexo de vira-lata?
(...)
Sinceramente, eu gostaria de poder discutir o Brasil sem que metade do bar comece a brigar em torno de mim.
Os cariocas pareciam confusos, perguntando-se por que diabos eu viera até o Brasil para estudar a música popular do Rio dos anos 1920 e 1930 e por que alguém estudava espanhol e português numa universidade americana.
(...)
Achava estranha a reação dos brasileiros após elogios à sua cultura.
Quando eu dizia que amava Clarice ou que viera para pesquisar Chico Alves, eu me convertia numa fonte incomum de alegria e surpresa.
"Essa americana veio para estudar Noel Rosa!", berrou um estranho num bar em Copacabana, e uma pequena multidão se juntou para olhar e inquirir.
É como se, no fundo, as pessoas não acreditassem que o Brasil é suficientemente interessante para merecer um estudo sério.
(...)
"Em Princeton há aulas de literatura brasileira?" Claro que sim! Eu tomo um curso de Machado de Assis no próximo semestre.
Por outro lado, quando eu me sentia ousada o bastante para dizer que não tinha gostado de algo do Brasil, a reação podia ser desmedida.
De novo, minha opinião raramente era tomada como algo ordinário. Imediatamente, informavam-me que eu não tinha a menor ideia daquilo sobre o que estava falando, e que tampouco tinha o direito de julgar as coisas do Brasil.
Ou então as pessoas recuavam e diziam que eu estava certa, e que tal coisa ou tal pessoa eram de fato terríveis e simbolizavam exatamente o que ia mal no Brasil -e que, aliás, "precisávamos de estrangeiros que viessem aqui e nos contassem dos nossos próprios problemas".
Não sou ingênua a ponto de pensar que o que querem é meu veredito final sobre o país. Mas estranhamente essa é a sensação.
(...)
Minha opinião, ainda que evidentemente subjetiva, adquire um valor que eu mesma não compreendo. Que importa se gosto de Noel ou se detesto Roberto Carlos? Minha opinião não muda nada.
Quando discuto o Brasil com os brasileiros, frequentemente tenho a sensação de que estou falando com um amigo maravilhoso, inteligente e talentoso, mas com uma misteriosa falta de autoestima.
Ele não aceita totalmente os elogios que lhe faço, e é tão sensível que é quase impossível criticá-lo sem feri-lo. Estaríamos diante do velho complexo de vira-lata?
(...)
Sinceramente, eu gostaria de poder discutir o Brasil sem que metade do bar comece a brigar em torno de mim.
Tendo lido com atenção, redija uma dissertação em prosa, na qual você discuta as ideias nele expressas, argumentando de modo a expor com clareza seu ponto de vista sobre o assunto de que ele trata.
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